Absolut.

quarta-feira, 23 de março de 2011
A viagem cansativa de sempre.
As mesmas conversas já tão enferrujadas.
Os quase-acidentes de todos os dias.
O trânsito enxarcado de tantos outros carros guiados muitas vezes por gente que não sabe pra onde vai.
A mesma cidade, as mesmas lojas, as mesmas pessoas andando de um lado pro outro segurando nas mãos suas sacolas lotadas de futilidades. Não sobra mão pra segurar a vida, e ela escorre. Fica nas calçadas.
O mesmo percurso, a mesma rota, as mesmas ruas, não há tempo nem atenção pra fitar os olhos nos olhos que passam perdidos. E se passou já foi, é como dizem: Se você anda pra frente coisas ficam para trás, e a gente, geralmente, não sabe que coisas foram essas. Bem assim.
O apagão. Este é novo, muda a rotina, atropela o cronograma.
A música dos beatles, música. A música da rádio, ausência de cultura refinada, de MPB, de Bethânia, Marcelo Camêlo, Caetano, Vanessa da Mata, Adriana, Capital, Paralamas, Titãs, Gonzaga, Elis. Falta.
A volta que acontece mais cedo.
Uma praça de alimentação de uma faculdade onde os alunos deveriam estar estudando, começando hoje o futuro que inicia amanhã, mas ao invés disso estão afogando as oportunidades em copos de cerveja.
O olhar fica mais aguçado e vê os vícios, o medo da não aceitação do grupo, as posturas dos que querem ser 'exemplo' pros outros, os segredos dos olhares, as solidões acompanhadas, todos estes sentados em mesas de quiosques esperando que a vida faça algo que eles têm preguiça de fazer.
A vodka com gelo, a vontade beber nesse copo. O seu copo. Bebo. Um, dois, três goles e sorrio, não por perder a lucidez, sorrio por beber você com álcool, soda e gelo. Que me importa agora quem vê ou não, quem gosta ou não, quem se espanta ou não. Eu quero beber você. Até o fim, até a última gota, até lamber os lábios e os dedos. Até o coma.
Meu pudor. Meu desejo. Minha sina.
Seu vício. Seu olhar de quem não se satisfaz, nunca. Sua vontade.
Nossa fantasia.
A noite vai fingindo ficar mas acaba. Você dorme. Eu sonho.
E sacio no sonho a vontade de você aqui.
Ontem já passou, hoje ainda vem.
E que eu ainda queira na mesma intensidade ou mais, ser você em você a cada segundo durante todos os dias em que as nossas vidas estiverem frequentando a mesma vida.

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