Esclarecimentos

E como diria um moço chamado Caio Fernando Abreu:

"Está tudo planejado:
se amanhã o dia for cinzento,
se houver chuva
se houver vento,
ou se eu estiver cansado
dessa antiga melancolia
cinza fria
sobre as coisas
conhecidas pela casa
a mesa posta
e gasta
está tudo planejado
apago as luzes, no escuro
e abro o gás
de-fi-ni-ti-va-men-te
ou então
visto minhas calças vermelhas
e procuro uma festa
onde possa dançar rock
até cair"

Pois é, ando meio assim, ou morro pelos meus amores quase perdidos - ou perdidos no quase, nem eu sei -, ou explodo numa felicidade e numa leveza digna daqueles que sabem viver a vida entendendo que ela vai além dos sonhos não realizados, das vontades travadas, e dos desejos que têm de ser escondidos nos baús mais profundos da alma. Aqueles que são capazes de VIVER e não sobreviver, a cada dia, ao sistema, às perdas, aos desastres, às alucinações. Os que vivem.
No dia que criei este blog eu era euforia, êxtase, delírio, loucura, paixão. Tudo no nível mais puro, mais enlouquecedor, mais angustiante, mais profundo, mais asfixiante.
Fiz por paixão às letras que aprisionam quem se deixa levar pelas palavras e acaba por não prestar atenção às entrelinhas, paixão aos textos que escrevo, mesmo quando eles não têm sentido algum, e aos que outros escrevem como se soubesse me descrever da alma ao pó, que um dia serei; é isso mesmo, fiz por paixão, por tantas outras paixões que prefiro não listar pra não prolongar a explicação. Basta entender que quando peguei este livro - o Dear John - passei a entender umas coisas mais claramente, e me apaixonei por ele.
Por isso sou extremamente profunda nas coisas que vivo, mas não tanto quanto aparento aqui.
Sou exacerbadamente bucólica, mas nunca serei capaz de mostrá-lo totalmente.
Sou eu em alguns dias, serei você em outros, sou ele - principalmente ele, só os corpos que andam separados - sou muitas em uma só, ou uma só em muitas como diria um post que li por ai.
Apenas esclareço que mesmo que a inconstância me mude drasticamente a cada post, aprendi que a gente tem que deixar as coisas irem pra ver que as que vêm, mesmo que nos mudem nos machuquem ou nos faça arrependidos pelo resto da vida, podem ser imensamente melhores. Pense nisso, e ame, ou melhor, se ame mais a cada respirar. E seja plenamente feliz!