Ainda se tratando dela: Das virtudes.

segunda-feira, 14 de março de 2011
Dizem por ai que é difícil para muitas pessoas listar os seus defeitos. Não era pra ela. Isso era quase rotineiro; quando alguém perguntava: Quem é você? A coisa mais fácil era se mostrar assim, como um poço de trapos velhos e lixo.
Bem assim: Lixo.
Se sentia assim, ou se pintava assim, vai saber... Cada um tem o seu jeito de viver, ou sobreviver como era o caso dela, não se importava em não ver as virtudes que eles insistiam em afirmar que ela tinha. Sabia-se má, manipuladora, egoísta, indiferente, quase perversa. E era assim que se via.
Até aquele dia. No dia que ele começou a fazê-la (contra sua vontade) enxergar suas qualidades; naquele dia ela se viu diferente, ou melhor, nem se viu, na sua já construída e consolidada certeza de saber quem era ou deixava de ser, ela viu a menina que ela refletia do espelho da alma dele. Mas aquela não era ela, ou era?
Seja lá como for aquela foi a primeira vez que ela viu aquele reflexo, e mal sabia ela que ia conviver com ele - o reflexo - todos os dias, impregnado como uma doença que não tem cura...
E por ter que dividir os pensamentos dele com esta outra ela se viu sem saída, e assim, contra a parede, ela foi quase que coagida a entender e conhecer este outro eu que ela por escolha havia enterrado.
Sem querer ele mostrou pra ela o quanto ela tinha esquecido de cultivar o amor que existia em seu peito, afinal, quanto tempo fazia que ela havia esquecido de amar e se esquecido no amor que dizia sentir. E ela, contra a própria razão, foi obrigada a reconhecer a meiguisse que a muito não exercitava, o simpatia que fazia questão de não usar, o dom de sorrir pra fazer a vida parecer festa quando na verdade nem era assim - talvez este foi o que doeu mais, afinal sentia a dor por opção, o ato de dar-se ainda que não completamente mas dar-se esperando talvez que desta forma encontrasse coragem sufuiciente pra ir atrás de algo que a faria feliz novamente, o carinho, o afeto, o humor, a distração, a sensualidade, a brincadeira, os talentos para a dança mesmo quando ninguém escutava a música, o perfeccionismo, a habilidade de acompanhar várias conversas ao mesmo tempo - desse ela gostava, é que isso sempre deixava ele confuso =P, a resiliência, o cuidado, o carinho, a atenção, a brabeza, o caos dentro da cabeça que ela gostava tanto mas que com os anos não pôde mais sentir, os sentimentos, as ilusões, o gosto de saber-se importante o bastante pra que ele lutasse por ela. E aí, fim.
Como assim fim? É, fim. Ela, covarde, resolveu se fechar num casulo de novo, havia despertado coisas demais, e por isso tudo que parecia seguro, estável a uns meses atrás começou a escorrer de suas mãos, ela se viu perdida isso pra não dizer louco, fechou pra reforma, ousou deixar de lado tudo aquilo que com esforço ele tinha cutivado, regado, cuidado. E ele? Ah, ele ficou perdido também, afinal, assim como com ela, as coisas sambavam em suas mãos; a diferença era que no caso dele oq estava desaparecendo era o futuro, um futuro que el tinha construido, ou melhor arquitetado com ela. Ela o viu assim, e se entristeceu e ficou relapsa e achou que era melhor voltar a ser lagarta do que ser borboleta. A velha síndrome do patinho feio que ele conheceu tão bem. Ele continuou lá. Ela resolveu dar meia volta.
Hoje, ela tenta alcançá-lo, mas acho eu que ele já caminhou demais pra ser alcançado, ou não, talvez ele ainda esteja parado um pouco além do lugar onde ela o deixou, basta apenas ela parar de viver de teorias ultrapassadas e começar a mudar de verdade.

PS.: Se você conhecer esta moça diga a ela que naquela livraria na praça além do café quente com paçoca já tem o Vade Mecum 2011. Ta na hora de parar de fazer hora porque o tempo que foi não volta.

0 comentários: