Terezinha

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Andou por ai escutando uma música de Chico Buarque que dizia de amores diversos que tentaram roubar o coração da mocinha da história e de repente se viu ali, no meio da música, do conto.
Viu seu primeiro amor, aquele moço de academia, de imagens e aparências, aquele que chegou festejando vitória, chamando-a de rainha, trazendo presentes, cotas, mimo, ametistas e cantando carteiras, o tal que a usava de troféu, de mostra de capacidade, mas que no todo servia apenas de âncora. de peso, de atraso. Mostrou tanto, ofereceu tanto e no fim depois de nada entregar, ela disse Não.
Viu então o segundo amor, o quebrado, bêbado de alma de tanto que tinha bebido de outro amor e só ganhara ressacas, e assim quando ela o encontrou o reconstruiu, bebeu muitas doses de uma água ardente que era amarga de tragar, mas suportou, fez do rapaz um moço deveras feliz, mas as vezes pensava consigo se a felicidade dele bastava para que ela fosse feliz e a falta de respostas a fez estremecer, e depois de ter as gavetas revistadas, de ser cheirada, tomada, controlada e se encontrar perdida, sentiu o peito estremecer, assustou-se e disse Não.
Viu, finalmente, o terceiro amor o que parecia ter menos a oferecer, o que chega sem dar avisos e relâmpagos, veio como quem não quer nada, também não trouxe nada, nada pediu, não perguntou, não questionou, não pressionou, e antes dela conseguir lembrar direito qual era o nome dele, ele já tinha devastado ela por inteiro, já tinha ensinado ela a ser outra, a diferenciar as pessoas que acrescentavam e as que não, ensinou ela a se impor, mostrou que é sorrateiro, se instalando feito posseiro, meio sem dar ou esperar demais que se alcança o fundo de um coração, e antes que ela se amedrontasse e, como em diversas outras vezes, dissesse não, se acomodou e tomou seu coração. E foi assim que ele se tornou dono do coração dela antes mesmo de saber que ela já era dona de seu próprio coração.

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