Antropologia Sutil

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Maria leva no ventre uma marca de sangue.
No peito, nódoa de invernos passados.
Pura e lenta, caminha dias, Maria pena
Pena que Maria já não sorri, pobre Maria.
Sem luz ou companhia vai, Maria segue.
Maria morde os lábios ao pensar a eternidade.
Maria lambe os dedos sonhando com a lua.
Rói as unhas a esperar a vida, Maria sangra.
Sentada ao lado do fogo, Maria pensa e chora.
Se recompõe, novamente se exalta, se excita.
Maria ri dos instintos, lamenta, lê velhos livros.
Dorme sob o céu, vê-se de rosto marcado.
Maria sonha sempre com doces e vampiros.
Invariavelmente acorda com os olhos molhados.
Aspira o próprio hálito com as magras mãos de unhas queimadas.
Maria se cansa, Maria se deixa, Maria interpreta os seus sonhos.
Maria não ouve, Maria se deita, a mente vive o que não viveu o corpo.

[...Sem título]

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